quinta-feira, 11 de abril de 2013

Amigos: destroem ou edificam o casal?



“Ouvindo três amigos de Jó todo esse mal que lhe sobreviera, vieram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, combinaram ir juntamente condoer-se dele, e consolá-lo” (Jó 2:11).

            A história de Jó é, talvez, a mais popular dentre as do Antigo Testamento. É uma das mais comoventes também. É de se admirar como um homem que possuíra tamanha riqueza material, esposa e filhos, vê ruir, de uma hora para outra, todo o seu universo de encantos. E o que mais nos surpreende em tudo o que lemos é, sem dúvida, a reação firme e convicta de um homem cada vez que seus problemas se avolumavam de minuto a minuto quando ele expressa seu profundo amor e temor a DEUS; sua capacidade de manter-se de “pé” espiritualmente num instante de profunda agonia: “Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou, e disse: nú saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:20-21).

Jó não enfraqueceu nem abandonou a sua fé, nem mesmo quando sua esposa o incentivou a amaldiçoar Deus e morrer. Nesse momento parecia que ele estava vendo Deus frente a frente a lhe orientar sobre todos os passos que deveria seguir. Podemos dizer que a sua retidão frente ao grave problema o conduziu a uma vida duas vezes mais próspera que a que antes possuía. As lições da narrativa do livro desse homem, proveniente da terra de Uz, podem ser as mais diversas, assim como a linha de análise e interpretação. Há quem afirme, por exemplo, que Jó manteve-se fiel a Deus em todo o tempo em que fora vitimado pelas angústias. Mas basta que leiamos todo o capítulo 3 para verificarmos que essa firmeza ficara comprometida logo depois da impressão que os três amigos tiveram dele. O meu direcionamento para essa reflexão partirá da relação de Jó com seus amigos, procurando mostrar, com singeleza, como amigos tanto podem edificar a vida de um casal como também vir a destruí-la.

            Jó não tinha apenas esses três amigos. Ele era casado, pai de dez filhos e dono de muitas propriedades. A Bíblia nos conta que ele era o homem mais rico do Oriente: “Possuía ele sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas, e tinha também grande número de servos. Este homem era maior do que todos os do Oriente” (Jó 1:3). Portanto, podemos concluir que, com tamanha abastança material, era natural que houvesse muitos amigos à sua volta, além dos familiares. Mas, a Palavra de DEUS se refere apenas a esses três (Elifaz, Bildade e Zofar). Não que eles fossem mais importantes que outras tantas centenas de amigos, mas que possuíam características distintas e peculiares, que, para a narrativa bíblica, fossem mais interessantes contar.

            A primeira atitude dos seus amigos fora de solidariedade: se reuniram e marcaram uma visita ao amigo que se encontrava bastante enfermo. Ao se aproximarem de Jó nem o reconheceram tamanha era a deformidade física dele. Então prantearam, rasgaram o seu manto e lançaram pó ao ar sobre a cabeça. Essa última atitude nos desperta uma curiosidade. Era prática comum naquele tempo, quando uma pessoa ou uma cidade estivesse derramada em pecados, rasgarem o seu manto e lançar pó sobre a cabeça, identificando o indivíduo em pecados e à sua condição humana para que sofresse todas as sanções previstas na lei religiosa. Fora assim também com os ninivitas na pregação dura de Jonas. Dessa forma seus amigos concluíram que Jó havia cometido grande pecado por sofrer todos aqueles males (o que sabemos, estudando todo o livro, que isso não era verdade), daí trataram de rasgar seu manto. Observe bem as palavras de Elifaz já no capítulo 4: “quem, sendo inocente, jamais pereceu? Onde foram os retos destruídos? Segundo tenho visto, os que lavram a iniqüidade e semeiam o mal, isso mesmo segam” (vers. 7 e 8).

Tal conclusão fez Jó amaldiçoar o seu dia, a ponto de desejar nunca ter nascido: “por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao sair do ventre?” (3:11). Os seus amigos o influenciaram a tomar uma atitude errada e, conseqüentemente, negligenciar a grande fé que há pouco profetizara com seus lábios. Jó, de homem íntegro e reto, passou a se confrontar com DEUS. Ele termina o capítulo 3 sintetizando todo o seu abatimento espiritual: “não tenho paz, nem sossego; não tenho descanso, mas somente perturbação” (vers. 26). Mas, interiormente, ele sabia que tudo o que passara era plano e providência de Deus, diferentemente do que imaginava um dos seus amigos: “As flechas do Todo-Poderoso se cravam em mim, e o meu espírito sorve o veneno delas; os terrores de Deus se arregimentam contra mim” (6:4). E assim o livro de Jó traça todo o diálogo dele com os seus amigos, cada qual, à luz de sua fé, procurando descobrir as razões daquele retrato cruel e apontando caminhos que poderiam ser a solução do problema. A conclusão que Jó chegou dos seus amigos está bem clara no capítulo 12: “eu sou motivo de riso para os meus amigos – eu, que invocava a Deus, e Ele me respondia -, o justo e o reto servem de deboche” (vers.4). O final dessa história todos já conhecem: a ira de DEUS se acendeu sobre seus amigos porque estes falavam o que não era reto; e Jó, no momento em que orava por todos eles, recebeu em dobro tudo o que antes possuíra.

            Até que ponto nossos amigos são úteis em nossa vida? A primeira conclusão que chegamos é que amigos são importantes em nossa caminhada quando suas atitudes contribuem para que andemos firmes diante de DEUS. Jó não fez acepção de amigos segundo a crença que tinham nem por sua condição social. É importante que não façamos também para que possamos ser influência divina no caminho deles, mostrando-os o Caminho da salvação. JESUS era amigo principalmente dos excluídos sociais. E como Elifaz, Beldade e Zofar eram muito próximos a Jó, sentiram-se no direito de interferir na vida dele, cada qual segundo os seus princípios de vida e a sua crença.

Observo o quanto hoje em dia relacionamentos em geral estão sendo destruídos por causa de influência errada e intrusão desnecessária na vida do casal. Tanto o homem quanto a mulher têm que ver em si um amigo suficiente e indispensável. Às vezes, um amigo se aproxima para nos dar algum conselho, e mesmo sem intenção maligna, nos conduz ao abismo. Em casa, os nossos verdadeiros amigos devem ser os nossos pais; na família, o marido, a esposa e os filhos; na igreja, nossos irmãos; na vida, JESUS. Ele é o nosso socorro bem presente nas angústias, O que nos faz ter uma vida abundante, O nosso abençoador, o que nos desperta, nos repreende, nos ensina, nos perdoa e nos conduz à vida eterna. JESUS é o mais achegado de todos os nossos amigos. Uma pessoa que troca a companhia desse Maior Amigo pelas companhias do mundo certamente desfalecerá, porque “o homem que tem muitos amigos pode vir à ruína, mas há um amigo mais chegado do que um irmão” (Provérbios 18:24).

            O Filho de DEUS nos trata como Amigo. ELE morreu em nosso lugar numa cruz e sobre Si levou todos os nossos pecados: “ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a própria vida pelos seus amigos. Vós sois os meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Antes, tenho-vos chamado amigos, pois tudo o que ouvi do meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15:13-15). No mundo, amigos tanto podem nos edificar como nos destruir, tudo dependerá se DEUS estiver ou não no centro dessa amizade. Seja amigo de JESUS. Receba dEle todas as instruções do céu e depois as distribua gratuitamente a todos os seus amigos da terra. Não há maior prova de amizade do que esta!

Fernando César

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